Por: Ricardo Bomfim | Link original da matéria: Valor Econômico
Após meses de silêncio em relação aos fundos negociados em bolsa (ETFs) à vista de ether – a segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado –, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) provocou uma reviravolta nos mercados no começo desta semana.
O regulador pediu para que as bolsas de valores atualizassem os registros dos seus formulários 19b-4 para os ETFs, aumentando as chances de que os fundos sejam aprovados em breve. Agora, analistas projetam que tanto o ether quanto o bitcoin devem bater suas máximas históricas este ano.
No caso do bitcoin, a moeda digital atingiu sua máxima no dia 14 de março, aos US$ 73.750 por unidade, impulsionada justamente pelo rali relacionado à aprovação de seus primeiros ETFs à vista nas bolsas americanas em janeiro. Mesmo tendo acompanhado o BTC em parte do rali, o ether não subiu tanto quanto a maior criptomoeda do mundo, e ainda tem como maior valor histórico os US$ 4.878 atingidos em novembro de 2021. Nos meses seguintes ao lançamento dos fundos de bitcoin, a falta de comunicação da SEC com as gestoras aplicantes por ETFs à vista de ETH fez com que a maior parte dos investidores precisasse uma reprovação ou pelo menos um adiamento da aprovação deles para, pelo menos, o ano de 2025.
Contudo, a movimentação da SEC em relação aos formulários 19b-4 às vésperas do prazo final para uma resposta aos pedidos de lançamento de ETFs spot de ether das gestoras VanEck (23 de maio) e Ark Invest (24 de maio), colocou o assunto de volta nos holofotes. Os analistas da Bloomberg, James Seyffart e Eric Balchunas, elevaram suas projeções de probabilidade de uma aprovação de 25% para 75%. Desde então, o preço do ether disparou mais de 20%, saindo de US$ 3.086 para US$ 3.741. “A expectativa de aprovação acaba elevando o preço do ether como está acontecendo agora. Caso ela se concretize, vai jogar o preço ainda mais alto”, diz André Franco, head de análise do MB.
Beto Fernandes, analista da Foxbit, diz que é natural que os preços dos tokens ETH subam com a expectativa de aprovação dos ETFs, mas as condições macroeconômicas agora são diferentes das que existiam quando o rali da aprovação dos ETFs de bitcoin ocorreu no começo do ano. “Ainda tem algo no ambiente macroeconômico a ficar atento, pois o Federal Reserve está um pouco confuso. O presidente do Fed, Jerome Powell, tem dado sinalizações opostas às de alguns dirigentes”, destaca.
Já Vinicius Bazan, CEO da Underblock, considera que o macro pode ser apenas um entrave de curto prazo para uma disparada do ether rumo à sua máxima histórica. No horizonte do ano de 2024, Bazan avalia que um rali do ETH é muito provável. “Só pela demanda dos investidores institucionais já atingiria as máximas. Ninguém esperava que a máxima do bitcoin seria renovada antes do halving [evento programado ocorrido em abril no qual a recompensa aos mineradores da moeda digital caiu pela metade], mas veio por causa do fluxo dos ETFs”, avalia.
Fernandes, mesmo com as ressalvas da mudança nas expectativas para a política monetária americana desde o início de 2024, também acha factível que o ether chegue aos US$ 4.900 antes do fim do ano. Uma das razões para isso, é que a rede Ethereum, a maior do ecossistema cripto para o desenvolvimento de contratos inteligentes, ganharia uma vantagem competitiva. “O Ethereum tem muito mais concorrência hoje do que em 2021, mas ele vai ter vantagem de ter quase um selo social de segurança para os investidores com a aprovação dos ETFs pela SEC.”
Por fim, Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, diz que a aprovação do ETF de Ethereum beneficia todo o ecossistema da rede, lembrando que há diversos protocolos de segunda camada como Arbitrum (ARB)e Optimism (OP) ligados ao blockchain principal, além de aplicações descentralizadas como Aave (AAVE). “Acredito que a aprovação deve levar, no curto prazo, o ether para cima dos US$ 5 mil. E o ETF é uma força constante a médio e longo prazo. É um catalizador para todo o ecossistema cripto”, diz.